Um ponto turístico é caracterizado como um local de grande interesse e visitação por parte do público, e a cachoeira na Serrinha do Mendanha, em Campo Grande, é o mais famoso ponto turístico do bairro de Campo Grande RJ. Reconhecida por turistas cariocas, nacionais e estrangeiros, essa atração natural é um destino que encanta pela sua beleza e riqueza ambiental. E você, que mora no bairro? Já teve a oportunidade de conhecer esse lugar único?
No início da colonização europeia, a história da região da Serrinha do Mendanha esteve intimamente ligada à agricultura. Nas proximidades da serra, cultivavam-se, inicialmente, feijão e, posteriormente, a cana-de-açúcar, em um regime mais intensivo. Esse cenário remonta ao século XVIII, durante o ciclo do açúcar, quando foi instalado um engenho na região. A propriedade, localizada entre o maciço e a antiga Estrada Real de Santa Cruz, pertencia ao Sargento-Mor Luís Vieira Mendanha, que dá nome ao local até hoje.
Após ser vendida ao Padre Antônio Couto da Fonseca, a fazenda Mendanha mudou de atividade, deixando a produção de açúcar e passando a se dedicar ao cultivo de café. Sob a administração do religioso, o engenho prosperou rapidamente, tornando-se uma das propriedades mais relevantes do primeiro ciclo do café no Brasil. A plantação do Couto da Fonseca ganhou destaque, sendo responsável por fornecer matrizes para as grandes fazendas de café no estado do Rio de Janeiro.
Outro nome de relevância na história cafeeira da região foi Ildefonso de Oliveira Caldeira Brandt. Grande proprietário de terras nas imediações do maciço do Mendanha, Caldeira Brandt também era conhecido por sua proximidade com figuras ilustres da época, como Dom Pedro I e a Marquesa de Santos. Sua relação com o imperador e a marquesa era tão estreita que ele frequentemente atuava como intermediário entre os dois amantes, reforçando sua posição como uma personalidade influente na sociedade do período.
O cultivo de café prosperou no vale do Guandu por um longo período, consolidando a região como um importante polo agrícola durante o ciclo cafeeiro. Viajantes que passavam pela Zona Oeste frequentemente se surpreendiam com a vastidão das plantações. Um exemplo notável é o relato do cientista alemão Hermann Burmeister, registrado em seu livro Viagem ao Brasil, publicado em Berlim no ano de 1853. Ele descreve suas impressões ao explorar a área:
“Viagens mais extensas em direção a Santa Cruz, no Rio Guandu, a oeste do Rio de Janeiro, são muito instrutivas, pois passa-se por grandes plantações de café. Nos pântanos entre os Rios Guandu e Taguai existe ainda grande número de sáurios, aí chamados jacarés e que são difíceis de encontrar noutro lugar mais perto do Rio.”
Esse relato ilustra não apenas a importância econômica da região, mas também sua rica biodiversidade, que incluía a presença de jacarés em áreas alagadiças próximas aos rios Guandu e Itaguai. Essa coexistência entre a atividade agrícola e a natureza reflete um cenário típico do Brasil rural no século XIX, marcando a relevância histórica e ambiental da região na época.
A cachoeira da Serrinha do Mendanha está situada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Gericinó-Mendanha, dentro dos limites do Parque Estadual do Mendanha. A região abriga a maior área de mata atlântica primária do município do Rio de Janeiro. Conhecida também como mata virgem, a floresta primária é caracterizada por nunca ter sido explorada ou por ter sofrido pouquíssima interferência humana, mantendo sua estrutura natural e preservando integralmente a diversidade de sua fauna e flora.
Para quem não mora em Campo Grande e não tem carro, a forma mais prática de chegar à cachoeira da Serrinha do Mendanha é pegar o trem até o bairro e, de lá, embarcar no ônibus 850. Esse ônibus passa bem em frente à Primeira Igreja Batista do Mendanha, de onde você pode seguir o restante do trajeto a pé. Outra opção é utilizar o ônibus 830, descendo no ponto final e completando o percurso caminhando.
Se você é apaixonado por trilhas e aventura, essa é uma excelente atividade para o verão, férias ou lazer. O acesso à cachoeira requer uma trilha íngreme que dura, em média, de 40 a 50 minutos. Antes de começar, prepare-se: leve repelente, água, um lanche, use calçados confortáveis e roupas adequadas para trilhas. Sempre que possível, realize a atividade em grupo e, idealmente, com a companhia de um guia de turismo para maior segurança.
Para informações sobre valores e programação de trilhas na zona oeste do Rio de Janeiro, consulte o Rio de Coração Tour, especializado em roteiros na região.