Urucânia em Paciência RJ
O que conecta a cidade mineira de Urucânia ao bairro de Paciência, na Zona Oeste do Rio de Janeiro? Mais do que o nome em comum, os dois locais carregam histórias singulares que se entrelaçam entre cultura, memória e resistência — relação que também desperta curiosidade entre moradores de Urucânia RJ.
Segundo a Prefeitura Municipal de Urucânia, em Minas Gerais, o termo tem origem indígena. Deriva do tupi-guarani: “urucu” ou “urucum”, fruto de polpa vermelha utilizado pelos povos nativos como tinta corporal em rituais e batalhas. Já “cana” remete ao cultivo da cana-de-açúcar, atividade marcante na economia regional do século XIX — referência que também inspira interpretações sobre o nome Urucânia RJ.
Já no Rio de Janeiro, Urucânia RJ tornou-se a denominação popular do Conjunto Residencial Maestro Olímpio dos Santos, construído pela CEHAB e inaugurado em 1981. O conjunto, que possui mais de duas mil casas, recebeu esse apelido por causa da estrada homônima que atravessa a região, consolidando o nome Urucânia RJ no cotidiano dos moradores.
A principal rua de Urucânia RJ, localizada em Paciência, leva o nome de Cilon da Cunha Brum, desaparecido político durante a ditadura militar. E ele não é o único: cerca de 60 outros desaparecidos e militantes do período também foram homenageados com ruas e praças em Urucânia RJ, como Soledad Barret Viedma, Margarida Maria Alves, Padre João Burnier, entre muitos outros.
São eles: Devanir José de Carvalho, Adriano Fonseca Filho, Anatália de Melo Alves, Antônio Carlos Teixeira, Aylton Adalberto Mortati, Dinalva Oliveira Teixeira, Aldo de Sá Brito, Ângelo Pezzutti da Silva, Antônio Teodoro de Castro, Eudaldo Gomes da Silva, Zizinha Pereira, Gildo Macedo Lacerda, Idalísio Aranha Filho, João Carlos Haas Sobrinho, Eremias Delizoicov, Fernando Augusto da Fonseca, Getúlio D’ Oliveira Cabral, Hélcio Pereira Fortes, Issami Nakamura, João Batista Filho, João Gualberto Calatroni, Joaquim Alencar de Seixas, Joelson Crispim, José Humberto Bronca, José Sá Roriz, José Piauhy Dourado, José Milton Barbosa, José Silton Pinheiro, Líbero Giancarlo Castiglia, Nelson Piauhy Dourado, Lourdes Wanderley Pontes, Luisa Augusta Garlippe, Orlando Nomente, Rosalindo de Souza, Soledad Barret Viedma, Terezinha Vianna de Assis, Valdir Sales Sabóia, Wanio José da Mattos, Alberi Vieira dos Santos, Benedito Gonçalves, Otacilio Martins Gonçalves, Raimundo Ferreira Lima, Wilson Souza,Pinheiro, Margarida Maria Alves, Roberto Rascado Rodrigues, João Baptista Drumond, José Ferreira de Almeida, José Andrade Neto, Pedro Jerônimo de Souza, Praça Jorge Alberto Basso, Praça José Soares dos Santos, Praça Padre Burnier( João Penido Burnier), Praça Ranúsia Alves Rodrigues, Praça Merival Araújo, Praça Manoel Aleixo da Silva e Praça Onofre Pinto.
Essa nomeação foi oficializada em 1988, pelo Decreto nº 8.105, assinado pelo então prefeito Saturnino Braga.
Portanto, o nome Urucânia RJ carrega múltiplos significados. Em Minas Gerais, remete às tradições indígenas e ao trabalho no campo; já no Rio de Janeiro, evoca memória política, resistência e a luta por justiça, mantendo viva a história de homens e mulheres que marcaram o país.