Há muitas estórias para a origem do nome do bairro Paciência na zona oeste do Rio de Janeiro, são variadas as versões, mas a maioria ligadas à Domitila de Castro, a Marquesa de Santos.
Uma delas foi contada no periódico A Manhã em 1947, pelo historiador Arnaud Pires Chagas, sobre o encontro do casal de amantes na Fazenda Santa Cruz . Ele cita como ponto de descanso de d. Pedro I , antes de chegar à Santa Cruz, a Fazenda dos Ribeiro que mais tarde se chamaria Paciência e daria nome ao bairro, diz também que a Estrada de Ferro passava pelas terras da fazenda e ao lado da sede.
Nos idos de 1947,com palmeiras circundando o casarão, a sede se achava em ruína. Diz que a fazenda pertenceria ao Comendador Souza Ribeiro e que os encontros dos amantes se sucederam em Santa Cruz até a mudança da Marquesa para São Cristóvão bem perto do palácio da Boa Vista.
Outros periódicos atribuem ainda a propriedade de um engenho à Marquesa de Santos na região com o nome de Paciência como por exemplo no periódico abaixo:
De fato Domitila esteve na região e hospedada na fazenda de Santa Cruz. Segundo Rezzutti em Domitila – A Verdadeira História da Marquesa de Santos, pelas ocasiões abaixo:
Uma ocasião foi com a filha Isabel Maria de Alcântara Brasileira, a duquesa de Goiás, que nasceu no Rio de Janeiro em 1824. Filha do imperador D. Pedro I com Domitila ainda com o título de Viscondessa. O pai a reconheceu oficialmente em 1826 dando-lhe o título.
“No dia 31 de julho, d. Pedro foi com a mulher e a filha rezar pela saúde da duquesinha, cumprindo uma promessa feita por Domitila. Logo depois, no início de agosto, o imperador partiria com a viscondessa e a Goiás para a Fazenda de Santa Cruz, sem levar mais ninguém. D. Leopoldina e os filhos ficavam sozinhos em São Cristóvão, e o governo completamente parado, enquanto d. Pedro passava férias com a amante e a filha.”
Outra ocasião citada por Rezzutti foi 19 em de abril de 1827. “Passadas as festividades da Páscoa na corte, que naquele ano foi em 19 de abril, d. Pedro foi para a Fazenda de Santa Cruz esperar Domitila. Impaciente como de hábito, antecipou-se à chegada da marquesa, indo aguardá-la duas léguas adiante, em Itaguaí. Ficaram hospedados em Santa Cruz até quase o final do mês, matando as saudades e afogando as mágoas.”
Em contato com o biógrafo Paulo Rezzutti em 2019 a respeito do engenho que a Marquesa teria em Paciência, ele nos diz que: “Eu já li informações sobre ela ter tido engenho no RJ, mas nunca descobri onde e se a informação era realmente correta”.
Sobre a região onde hoje é o bairro, segundo Pedroza em Transmissões de Engenhos de Campo Grande, desde 1669 os Carmelitas ao receberam grande Sesmarias em Guaratiba, se tornaram senhores da Fazenda da Pedra , em Pedra da Guaratiba, e ainda controlavam o porto. Eram os padres também, senhores do engenho de açúcar do Mato da Paciência em Campo Grande e o aforaram a João Francisco negociante e esposo de Mariana Eugênia em 1797.
Mariana Eugênia faleceu em 1840, segundo sua longa necrologia teve vida exemplar e gênio ativo, ela teria adquirido a primeira máquina a vapor do Brasil, para o engenho de Paciência em 1815, além da melhorias no engenho de Palmares que herdou do marido falecido.
Significa portanto que o nome do bairro advém do engenho de açúcar e não dos encontros furtivos de d. Pedro I e da Marquesa de Santos, mas ainda assim a Fazenda da Paciência era um dos locais de parada e descanso em direção a Fazenda Real de Santa Cruz, segundo Noronha Santos e outros relatos.
Um outro ponto no artigo do Arnaud Pires Chagas é o fato do Comendador Antonio de Souza Ribeiro ter sido dono da fazenda de Paciência, segundo o Almanak Mercantil essa informação está correta, pelo menos no período de 1875 a 1881 .
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