Bairro Adriana em Campo Grande RJ

Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ostenta o título de bairro mais populoso da cidade. Assim como tantas outras regiões cariocas, viveu — e ainda vive — um intenso processo de expansão imobiliária, marcado pela multiplicação de loteamentos e novos conjuntos residenciais.

Mas há um detalhe curioso: muitos desses loteamentos foram batizados com a palavra “bairro” no nome. O resultado? Uma confusão comum entre os moradores, que acreditam que Campo Grande é formado por vários bairros menores — os chamados “sub-bairros” —, algo que oficialmente não existe na estrutura administrativa da cidade do Rio.

A origem dessa história

Tudo começou em 1955, com a Ecia Irmãos Araújo, empresa originária da Vila da Penha. Em plena época em que o Rio ainda era a capital do país, a construtora deu início a uma série de empreendimentos imobiliários de grande impacto na Zona Oeste. Além dos loteamentos, a empresa também foi responsável por erguer diversos shopping centers e prédios comerciais na região.

Como homenagem aos familiares, a empresa adotou uma tradição peculiar: batizar seus loteamentos com nomes femininos seguidos da palavra “bairro”. Um exemplo marcante é o loteamento Bairro Adryana (sim, com “y”), cujo projeto foi aprovado em 1975 e lançado no início da década de 1980.

O Bairro Adryana e suas origens históricas

O empreendimento nasceu com grandes proporções, e suas unidades foram sendo vendidas ao longo dos anos de 1980 e 1990. O terreno onde o loteamento foi construído fazia parte da antiga Fazenda da Posse, uma das propriedades rurais mais tradicionais da região.

Para viabilizar o projeto, foram adquiridos dois quinhões pertencentes aos herdeiros Murillo de Vasconcellos e Dr. Lauro de Vasconcellos, além da área 15 da Fazenda da Posse, que pertencia a Dona Maria Freire Vasconcellos, viúva do Senador Augusto Vasconcellos e sobrinha do renomado botânico Francisco Freire de Alemão Cisneiros — médico e cientista ligado à história do Império do Brasil.

Um bairro dentro do bairro

Localizado na Estrada da Posse, o loteamento ganhou, em abril de 1984, uma escola municipal batizada de Alzira Araújo, em homenagem a uma das familiares dos fundadores da empresa.

Hoje, o loteamento Bairro Adryana conta com mais de 50 ruas e duas praças principais — a Praça Veredas e a Praça Mirim Doce —, consolidando-se como um verdadeiro bairro dentro do bairro, símbolo de uma época em que Campo Grande começava a se transformar em uma das regiões mais populosas e dinâmicas do Rio de Janeiro.

As ruas e praças do Bairro Adryana: da numeração aos nomes oficiais

Nos primeiros anos do loteamento Bairro Adryana, muitas ruas eram conhecidas apenas por números. Com o tempo, a Prefeitura do Rio de Janeiro passou a oficializar seus nomes, homenageando personalidades das artes, da ciência, da música e da história nacional.

Primeiras denominações – Decreto nº 2.611, de 15 de maio de 1980

As primeiras vias reconhecidas oficialmente foram:
Alves Pinheiros (Francisco da Silva Alves Pinheiro – jornalista),
Abel Ferreira (músico),
Francisco do Amaral (Francisco Pedro do Amaral – pintor),
Alcides Godói (cientista),
Barroso Neto (Joaquim Antônio Barroso Neto – compositor),
Antônio Bandeira (pintor) e Morrinhos.

Esses nomes marcam o início do processo de consolidação urbana do loteamento.

Novos reconhecimentos – Decreto nº 3.008, de 23 de fevereiro de 1981

No ano seguinte, uma nova leva de ruas foi oficializada, ampliando o mapa do bairro com homenagens a personalidades de destaque:

Jandyra Duque Estrada (professora),
Ary Lobo (cantor),
Jorge Corrêa Tomás (soldado),
Waldemar Viana de Carvalho,
Leonel Azevedo (compositor),
Haroldo Elias (compositor),
Uriel Lourival (Francisco Uriel Oliveira – compositor),
Waldir Azevedo (compositor),
Paulo Sérgio (cantor),
Carlos Delgado Carvalho (historiadora),
Luís Montezuma (professor),
Rodrigo Ulysses de Carvalho (médico),
Jaime Barreiros (jornalista),
Arthur Cavalcante Júnior (médico),
Último Carvalho (deputado),
Miécio Pereira da Silva (romancista),

Além das ruas com nomes poéticos e simbólicos: Cisnes, Flamingo, Cânhamo, Graviola, América Dourada, Bela Aurora, Nova Belém, Ponta da Areia, Ravena e Missão Nova.

Expansão contínua – Decreto nº 5.007, de 8 de abril de 1985

Cinco anos após o lançamento do loteamento e com novas unidades vendidas, outras ruas foram reconhecidas:

Mário Jorge de Carvalho (médico),
Clarival Valladares (Clarival do Prado Valladares – médico),
Hugo Faria Júnior (engenheiro),
Paulo Santa Helena,
Carlos Roncheti (engenheiro),
João Valença (compositor),
Dirceu Torres Nascimento (jornalista),
Geonísio Barroso (engenheiro),
Manoel Barcelos (radialista) e Umarizal.

Também foi registrada a Praça Thomas Mann, além das ruas Timbaúba e Abel Ferreira, ampliando a malha urbana do Bairro Adryana.

Últimas denominações – Decreto nº 8.705, de 6 de setembro de 1989

Nove anos após o lançamento, a prefeitura consolidou mais uma etapa de reconhecimento oficial, com as ruas:

Nova Verona, Fernando Saboya de Fiúza, Estrela Velha, Guaporema, Gergelim, Henrique Cardoso Miranda, Sérgio Rangel Barboza, Monte Lindo, Roberto Sérgio Oazen, Arnaldo Cardoso Rocha, Bergson Gurjão Farias, Custódio Saraiva Neto, Dinaelza Santana Coqueiro, Dorival Ferreira, Lagoa Nova, além da Praça Veredas.

Praças e lazer comunitário

Além das ruas, o loteamento ganhou três praças oficiais:

• Praça Mirim Doce (Decreto nº 8.705/1989);
• Praça João Vitta (Decreto “N” nº 16.448, de 16/01/1998);
• Praça Veredas (Decreto nº 8.705/1989).

O Bairro Adryana também já contou com seu próprio espaço de lazer: o Adriana Country Club, fundado em março de 1984. Se ainda estivesse em funcionamento, o clube completaria hoje mais de 40 anos de história, lembrado por muitos moradores como ponto de encontro da comunidade e sede de times de futebol amador.