Vila Paciência não fica em Paciência. Vamos começar este artigo fazendo uma referência a localização do Conjunto Habitacional Vila Paciência, que não fica em Paciência, como atribuem alguns. Na verdade Vila Paciência pertence ao bairro de Santa Cruz.
Em 1951 as terras da antiga Fazenda da Pedra foram compradas pelo Estado do espólio de Amélia Correia Teixeira. Na década de 60 o espólio de Frank Dodd entrou em litígio com o Estado pela posse da terras e perdeu. Esse foi o local escolhido para a construção do conjunto habitacional Vila Paciência.
Foi construído no final da década de 60, pela Secretaria de Serviços Sociais para residência dos flagelados da chuva de fevereiro de 1967 que assolou a cidade. Primeiramente as famílias eram alojadas na Fundação Leão XIII, na Fazenda Modelo e depois transferidas para o conjunto habitacional. No início foram cerca de 61 famílias transferidas.
Ocupando uma área de nove mil metros quadrados dividido em dez blocos de 40 casas cada um, num total de 400 residências, o conjunto foi construído nas terras da antiga Fazenda da Pedra como um núcleo residencial que funcionava como uma “casa de triagem” para futuras moradias.
As casas foram construídas em alvenaria, com quarto e sala conjugados, cozinha, banheiro , tanque e caberia 6 pessoas . A não construção de esgotos ,falta de água e luz sempre estiveram presentes na vida dos moradores que receberam as casas em forma de aluguel e pagariam uma mensalidade no valor de 10% do salário mínimo.
No início de 70 uma nova leva de remoções trouxe mais famílias para Vila Paciência, mais famílias foram realocadas no Conjunto Habitacional Provisório conhecido como o CHP7 em “casa vagão” . Vem dessa data o nome pelo qual Vila Paciência ficou conhecida como “Favela do Aço” , pelo formato da casas provisórias e o que era um processo de triagem e provisório se transformou em algo definitivo.
Como a maioria das remoções que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, a mudança para a Vila Paciência não foi bem aceita pelos moradores pela falta de estrutura e planejamento. A queixa era falta de médicos, condução e comércio, além de não haver espaço para a mobília, que ficava metade dentro de casa e outra metade do lado de fora.
Uma das ruas mais antigas do conjunto é a rua São Gomário, que no início se chamava Estrada Massapé, um caminho de terra que dava acesso a Vila Paciência.
A escola mais próxima era no Curral Falso, o que era um transtorno para os moradores, por falta de vaga e condução. Com isso muitas crianças ficavam fora do banco escolar. A primeira escola do conjunto, a Escola Haydéa Vianna Fiuza de Castro foi inaugurada em março de 77, mas só começou a funcionar em junho do mesmo ano. Em 2013 foi considerada a melhor escola pública da cidade.
Hoje são 10 mil residências que compõe o conjunto , conhecido como Favela do Aço desde o final de 70 , a favela não possui caixa d’água particular e depende de um único reservatório, cujo abastecimento é irregular. As condições sanitárias são praticamente as mesmas desde o final de 60 , o saneamento básico é irrisório, apesar das visitas de autoridades ao local, nunca houve uma mudança de qualidade de vida para os moradores.
No início dos ano 2000 foi inaugurado um centro para cursos e oficinas para a juventude no local.
Parece que nada mudou em Vila Paciência e na falta de políticas públicas a população pode contar com algumas iniciativas da sociedade civil como @plataformacasa , @acolevante e @pepucdevilapaciencia que atuam no conjunto.